sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Para mais tarde (não) recordar!

Há dias que ficam na nossa memória para sempre. Pelas melhores ou pelas piores razões. Quarta-feira, dia 3 de Dezembro, foi um dia assim.
Começou mal. O despertador tocou. É certo que o ouvimos, mas o cansaço acumulado no dia anterior nas 4 horas que passámos no hospital por culpa da Klebsiella Pneumoniae que afinal a Madalena não tinha deixou-nos ainda mais de rastos do que é normal nos últimos tempos.
Como ignorámos o despertador e como tinhamos que sair os quatro ao mesmo de tempo de casa - isto por culpa da Picasso que estava na oficina e que por culpa da tal Klebsiella não houve tempo para ir buscá-la - a manhã foi simplesmente um stress.
Agora tomo banho eu, agora tomas banho tu, agora eu visto o tiago, agora fazes tu a papa, agora eu visto a madalena, agora isto, agora o antónio vai comer uma rabanada e parte um dente (!), agora estamos todos prontos e o Tiago quer fazer cocó, agora toca de enfiar dois adultos, 2 crianças completamente encamisoladas, 4 mochilas e sabe-se lá mais o quê dentro de um Mini!
Em Paço d'Arcos o Mini fica logo livre do Tiago que chega 15 minutos atrasado à aula de ginástica. Eu também fico por aqui à espera do comboio...
A tarde passou-se mais ou menos não fosse a angústia de ter que fechar páginas e sair a horas decentes para ter tempo de ir buscar a Picasso, abandonada na Almirante Reis há dois dias, e voar para Carnaxide para ir buscar a pequena Madalena.
A chuva começa a estragar-me a tarde. Chego à oficina já bem encharcada e onde está o meu carro? "Está ali atrás daqueles CINCO carros!" Ah, tudo bem, só estou com um bocadinho de pressa. Vinte minutos depois lá vou eu.
Chuva em Lisboa é sinónimo de trânsito.
Uma hora e vinte minutos depois de ter saído do jornal chego à Madalena. Está cheia de sono. Ponho a chucha. Ela tira a chucha. Páro o carro. Ponho a chucha. Ela tira a chucha. Trânsito. Páro o carro. Ponho a chucha. Ela não tira a chucha e adormece. Respiro fundo. Calma, Mónica estás quase a chegar a casa...
A Avenida Tomás Ribeiro, em Linda-a-Pastora está ali à minha frente, sem carros, sem trânsito, só com uma pequena chuva e... um Peugeot a entrar pelo meu carro!
Sim, havia um Stop, sim, a francesa viu o Stop, não, a francesa não viu o meu carro porque... ele é preto! E de repente, ali estou eu, verdadeira fera a proteger a sua cria com as lágrimas a saltarem sem controlo, pego no braço da tal francesa, abano-a, dou-lhe uns safanões, umas quantas palmadas e grito-lhe bem alto ao ouvido como é que não pode ter-me visto e como pode ter posto a vida da minha filha em risco.
Sorte ou azar, o acidente foi quase em frente aos bombeiros que, tal era o meu estado de raiva, me dão como ferida ligeira e, sorte ou azar, por causa disso a polícia que já tinha chegado não serve para nada, até porque o spray que era preciso para marcar o chão acabou e não foi reposto, e é preciso esperar pela polícia de trânsito.
Entretanto chega o António, verdadeiro pai super-herói, para vir buscar a Madalena, com o Tiago já de banho tomado enrolado num cobertor e com o casaco fechado até ao nariz a perguntar-me porque estou com aquela roupa (o colete fluorescente que somos agora obrigados a usar). Vão sãos e salvos para casa. Eu fico ali...
Muito tempo depois lá chega a polícia de trânsito com lata de spray, lá saimos dali, mais umas quantas horas ao frio a preencher papéis e a fazer conversa da treta.
Quase quatro horas depois de ter saído do jornal, chego a casa.
Há dias felizes, não há?

Bebés chiques

Quando o Tiago era bebé tinha cólicas, chorava, dava noites horríveis, não queria comer, etc, etc.
A Madalena também teve cólicas, ainda chora bastante, não dorme uma noite inteira e, às vezes, faz fitas para comer.
Porquê que conto isto? Porque não percebo como todas as mães famosas podem vir para as revistas dizer "ah e tal o sebastião é um bebé muito calmo", "ah e tal a frederica dorme a noite inteira", "ah e tal o bernardo maria só come e dorme. É um sossego!"
Não fica bem dizer que bolsam, que têm cólicas, que acordam de duas em duas horas, que choram, que são bebés como tantos outros? Ou a diferença é que essas fantásticas mamãs estão nas festas, nas vernisages e nas produções fotográficas quando os seus bebés se portam como todos os outros comuns bebés? Se as baby-sitters falassem...

domingo, 30 de novembro de 2008

Brrrrrr....


Frio é pensar que se devia ter aquecido o gel de banho antes de espalhá-lo pelo corpo todo

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O adepto

Ontem fui ao futebol, ou como se diz neste lindo país, ontem fui à bola! fui e fiquei em choque com o comum adepto.

O comum adepto não vai lá para abanar a bandeira/ cachecol, gritar quando há golo ou cantar e espantar os seu males. o comum adepto vai lá como podia ir a uma aula de kung fu tirar toda a adrenalina que acumulou durante a semana.

o árbitro marca falta? insultos. O árbitro não marca faltas? insultos. o árbitro mostra cartão? insultos. o árbitro não mostra cartão? insultos. o árbitro dá 3 minutos de tempo de compensação? o árbitro cumpre os 3 minutos de tempo de compensação? o árbitro expulsa? o árbitro não expulsa? insultos, insultos e mais insultos.

o jogador da PRÓPRIA equipa falha um lance? insultos.

expressões a reter desta noite futebolística:

- isto é um horror (adepto do sporting quando o sporting estava a ganhar!!!!)
- é um miserável (adepto do sporting sobre vários jogadores do seu clube!!!)
- gatuno (expresão preferida para denominar o árbitro)
- f******
- c******
- c******
- filhos da p***

era lindo...

Era lindo e era meu. era porque já não é. era porque o raio dos lagartos onde me fui enfiar para gritar pelo meu FCP não gostaram dos meus gritos e ficaram-me com ele. o porto ganhou e o que fica para a história é que fiquei sem o meu nokia lindo no dia em que o tiago foi ao futebol pela primeira vez! só espero que ele não tenha decorado nenhum dos palavrões que ouviu de 3 em 3 segundos. Apre!

pormenores

Sou fruto de um casamento entre duas pessoas que têm um tremendo bom gosto. por isso, essas duas maravilhosas pessoas ensinaram-me a ligar a pormenores e a sentir que são as pequenas coisas que fazem a diferença. por culpa da paulucha e do rui sou do mais observadora possível. logo, reparo quando uma pessoa acha que está super na moda e no fim é do mais bimbo que há. como?

hoje em dia é muito fácil estar na moda. as lojas com preços acessíveis têm coisas giras, combinações bem feitas e para quem não tem muito gosto ou muita paciência basta comprar o kit completo para até parecer engraçadinho. mas é aqui que aparecem os pormenores. normalmente, os sapatos são uma desgraça, as malas, na senhora, outra desgraça, ou então os brincos, os anéis ou os relógios.

imaginem uma miúda na casa dos vinte e tal anos, toda fashion. um dia, o namorado de há três anos pede-lhe em casamento. na caixinha vermelha está o anel. o desejado anel. e como é que ele é? horrível. de ouro amarelo, fininho e com uma pedrinha. o famoso solitário. ela adora e acha que ele tem um bom gosto tremendo. se fosse realmente fashion dizia logo ao namorado que fosse pedir outra em casamento e mais um trilião de barbaridades...

depois, também há os pormenores das casas. um casal todo giro, todo moderno. Chega-se a casa deles e tem-se uma apoplexia nervosa. cortinados bordeaux com pintinhas amarelas a combinar com o sofá, a cristaleira com as loiças todas vista alegre que receberam de presente de casamento, puxadores das portas dourados, cozinha com azulejos cheios de pêras e cachos de uvas salientes, casas de banho com lacinhos de acrílico a segurar as toalhas, o quarto com um camiseiro - caiba ou não, tem que quer um camiseiro -, e o edredon a fazer pandan com as cortinas e a sanefa também forrada com o mesmo tecido.

nos homens também há pormenores de ir às lágrimas. rapazes giros. t-shirts da moda com dizeres engraçados. cores que vão para além do azul e do castanho. até aqui tudo bem. mas o que dizer da carteira no bolso de trás das calças? blaghhh. e do casaco de cabedal tamanho meia coxa com a gola levantada? duplo blaghh. e os ténis brancos? e o punho da camisa dobrado para fora da camisola? e a t-shirt por dentro da camisa?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Limonada



Não é difícil fazer uma limonada. Espreme-se um limão. Junta-se uma ou duas colheres de açúcar. Mexe-se bem. Junta-se água e duas pedras de gelo. É difícil? Hummm, não me parece. Então por que é que em imensos restaurantes onde vou me dizem que não têm limonada? Não tê limões? Têm (vêm duas rodelas em cima do bife grelhado que pedi para almoçar)! Não têm açúcar? Têm (vem no pratinho da chávena do descafeinado que pedi no fim da refeição)! Não têm água? Têm!!! Então qual é o problema?!

Sumo de Laranja

No Continente 1 kg de laranjas custa 1€. No mercado onde gosto tanto de ir deve ser mais ou menos a mesma coisa.
1 kg de laranjas devem ser mais ou menos 5 unidades.
Um sumo de laranjas faz-se com 2 ou 3 laranjas (dependo do grau de sumo que elas têm ou do tamanho do copo em que queremos bebê-lo).
Agora expliquem-me: por que é que um sumo de laranja servido num copo minúsculo num café rasca qualquer custa 2,5€?! ALGUÉM ME EXPLICA ISTO?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

7 factos que mostram que estou realmente a envelhecer


1 - Tenho 5 cabelos brancos


2 - Quando ando de carro gosto mais de ouvir a M80 do que a Comercial


3 - Quase todas as minhas amigas estão casadas/ juntas e têm filhos (eu própria estou casada e tenho dois filhos!)


4 - O que mais quero todos os dias é conseguir deitar-me cedo


5 - Não posso ir ao cinema à noite porque corro o risco de adormecer


6 - Quando entro na Bershka já não acho assim tanta piada à roupa


7 - Prefiro pagar mais e comer comida de qualidade, do que gastar uma ninharia para comer uma treta








quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Fica comigo...

Há dias em que parece que nada corre bem. Ontem foi assim. Discuti. Chorei. Mas a treta continua... O bom destes dias da treta é o momento em que chego a casa. Quatro olhos lindos a olhar para mim. Braços esticadinhos. Miminhos. Sorrisos que apagam tudo o que correu mal durante o dia.
À noite, quando a lua já apareceu e o Tiago já sabe que é hora de ir para a caminha, a brincadeira do costume: "Queres fazer óó com a mamã ou com o papá?". "Com a mamã...". Boa. Precisava desse momento de cumplicidade com o meu crescido.
Deitadinhos na cama, parece-me que ele já está a dormir e tento sair... "Fica comigo, mamã. Dá-me a mão..."
O dia correu-me mal?! Não sei, já não me lembro...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

41 anos

Descobri hoje que uns dos meus tios preferidos (uma tia e um tio) comemoram há dias 44 anos de casamento. E de repente pensei: será que chego lá? Faltam 41 anos (se só contarmos o tempo de casamento e deixarmos o namoro de parte) e isso é muito mais do que a minha idade! Como estarei daqui a 41 anos? E o António? Usará ainda cabelo comprido? E barba? Já terá conseguido ler todos os jornais que tem cá em casa? Ainda andará a fotografar ou a idade já não o deixa ver bem e as fotos saem todas desfocadas? Como será daqui a 41 anos? O Tiago e a Madalena já terão muitos filhos? Que profissão terão escolhido? Será que uma ou outra vez ainda se sentarão ao meu colo? Estaremos eu e o António juntos a contar histórias aos netos?
Já ninguém fica casado assim tanto tempo. sabe-se lá porquê. Porque não há paciência. Porque já não se aguenta a tampa do lixo sempre aberta. Porque já não se aguenta tanta desarrumação. Porque já não se ama. porque é moda casar 20 vezes. mas eu, sinceramente, gostava mesmo muito de ficar 44 anos casada com António... afinal, são faltam 41!!!!

Torradas

Desço as escadas e um cheiro delicioso a torradas. Torradas daquelas feitas de pão a sério. Torradas que me levam a lanches ou pequenos-almoços longos com a minha mãe cheios de boas conversas na varanda lá de casa. Torradas que me levam à casa da avó Adozinda a ouvir histórias do antigamente e a mexer uma caneca de Suchard Express. Torradas que me levam à casa da avó Angelina com amores, desamores e chá com leite à mistura.
Tantas viagens por culpa de uma só torrada e nem tinha pão a sério em casa...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Conversa de adultos - parte II

Bárbara (5 anos) - O que tens, Tiago?
Tiago (3 anos) - Estou chateado.
Bárbara - Com quem?
Tiago - Com a vida.
Bárbara - Mamã, o Tiago diz que está chateado com a vida, mas eu não sei quem é a vida!

Conversa de adultos

Eu - O que se passa, Tiago?
Ele - Estou chateado...
Eu - Com o quê?
Ele - A vida corre-me mal!

sábado, 16 de agosto de 2008

Conversas íntimas - parte II

- "Mamã, o que é isto?" - pergunta com um penso higiénico na mão
- "É um penso"
- "Para os dói-dóis?"
- "Sim"
- "Tens dói-dóis?"
- "Às vezes"
- "Onde?"
- "Dentro da mamã..."
- "Dentro onde? Deixa ver"
- "O papá está a chamar-te!" Uffffffffff

As palavras que nunca te direi (versão gente benzoca)

Lido há vários anos - por força da profissão - com gente bem ou pior do que isso, com gente armada em gente bem. Por isso, fui aprendendo que palavras se pode ou não ensinar se quisermos que os nossos filhos venham a entrar na alta roda da Quinta da Marinha.
Já sabia que aquilo que as senhoras usam para levar a tralha toda todos os dias não é uma mala, mas sim uma carteira (mala é a de viagem, carissimas!), já sabia que não se diz vermelho, mas sim encarnado (vermelho é a cor dos comunistas e isso não é nada bem no meio dos bens), também sabia que quando alguém morre não se vai ao funeral dela, mas sim ao enterro e uma pessoa não falece, mas morre, etc, etc...
Estas férias fiquei a saber, através da mãe de uma amiguinha de 7 anos que o tiago fez, que não se diz tchau, nem xau, muito menos xau-xau. Diz-se adeus. Adeus, nada mais do que isso. E eu que aprendi que adeus é uma coisa eterna, daquelas que se dizem numa despedida eterna, estilo funeral/ enterro...
Há cada porra, diria o avô carvalho se cá estivesse...

Conversas íntimas - parte I

- "Mamã, a minha pilinha está toda dura!"
- "Já vai passar..."
- "Olha, mamã, olha, olha como está dura!" - E nisto já está de calças no chão a mostrar-se a sua mini pilinha armada em pilinha adulta

terça-feira, 29 de julho de 2008

O casamento


Hoje em dia já ninguém fica casado para sempre?

Todos os dias abro uma revista e lá vem mais um divórcio. E não, não é daqueles que se casaram há meia dúzia de meses depois de terem andado 3 semanas aos beijos. É daqueles que casaram, que tiveram filhos, que fizeram férias juntos, que parece mesmo que se amaram...

Não é um cenário animador. Já não há histórias que acabam com um "e viveram felizes para sempre"? Já não há príncipes e princesas encantados?

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A minha amiga

Ontem recebi daqueles telefonemas que nunca se quer receber na vida. Ontem tive aquela sensação a que os populares chamam "sentir o chão a fugir debaixo das pernas".

A minha contabilidade de amizades é muito simples de fazer, porque são poucas, mas deliciosamente boas e presentes.

E ontem, uma dessas amigas, telefonou-me para dizer que estava doente. Tinhamos um almoço combinado e ela não podia ir. E não, não estava constipada, nem com gripe, nem com dores de barriga. Está doente. Doente mesmo. E eu não queria acreditar no que ela me estava a dizer.

Ela tem 3o anos, uma filha de um ano e meio e quando se quer pensar numa pessoa bem-disposta, quando se quer pensar numa pessoa com energia, quando se quer pensar em alegria pensa-se nela. E ela está doente. E de repente, como se o passar dos minutos pudesse roubar todas as histórias que vivemos juntas, recordo-me de cada pormenor de cada momento que partilhámos. "Vira a página, Mónica" - quando estudavamos juntas e ela teimava em fazer a revisão da matéria já deitadas. As gargalhadas no centro de fotocópias quando achámos que o nosso cérebro já não aguentava mais uma hora de estudo e decidimos fazer cábulas. As conversas intermináveis ao telefone. As danças no meio de sessões de estudo. Os scones. O bacalhau no forno. As panquecas. As lágrimas cada vez que o nosso coração nos pregava partidas. Depois os filhos. Os maridos.

Não é por acaso que logo quando soube que estava grávida do Tiago pensei que queria que fosse ela a madrinha dele. Não é por acaso que o Tiago a adora. Não é por acaso que ela me faz rir perdidamente. Não é por acaso que é no ombro dela que choro tantas vezes.

Agora ela está doente. Mas eu sei, minha querida amiga, que tens força e que se se não tiveres tens muita gente que te ama à tua volta para te dar.

Adoro-te.

domingo, 6 de julho de 2008

O regresso


Falta uma semana e uma dia para voltar. Voltar a andar de elevador, carregar no n.º5, dizer bom dia a pessoas que não me dizem nada, ver caras parvas, homens que acham que para além de serem giros são óptimos profissionais, mulheres mal-vestidas que rosnam como cães, engatatões, pseudo-intelectuais, cabeças armadas em engraçadas, totós armadas em jornalistas que quase nem o nome sabem escrever, etc, etc. Há coisas boas ali? Deve haver. Infelizmente, agora não me lembro de nada...

sábado, 5 de julho de 2008

Monte dos Parvos


Há uns dias mudámos de casa. Digo mudámos de casa como podia dizer "fomos de férias", mas quem tem filhos pequeninos sabe que o verdadeiro sentido de ir de férias é impossível de ser utilizado nestas ocasiões... Por isso, volto a dizer que há uns dias mudámos de casa. Estivemos uma semana numa coisa que se chama Monte dos Parvos. Nome engraçado, não é? Nós também pensámos isso e não precisámos de muita imaginação para perceber o porquê de tal nomenclatura. À chegada fomos recebidos pela D. Maria Teresa, ou Teresinha como a chama a D.Eva - único ser afável naquele monte. Os sorrisos não foram muitos, a simpatia também não, mas não me incomodou por aí além. A parvoíce começou a aparecer mais tarde e de forma bastante vincada.
A foto em cima dá para ver que o sítio até é giro e que tem todo o potencial para ser uma "muda de casa" simpática e bem passada. Tem tudo, mas não foi. Ainda hoje estou para perceber como é possível que um casal tenha um monte daqueles e trate os hóspedes com arrogância, antipatia, quase com incómodo por alguém estar a ocupar um espaço que é deles, mas pelo qual está a pagar. Exemplos? "D. Maria Teresa - Ainda bem que o vejo! (sim, não houve boa tarde antes da frase) António - Boa tarde! D. Maria Teresa - Não pode deixar o carro assim estacionado (imaginem um tom de voz áspero e antipático). Se eu quero dar a volta não consigo. (virou as costas e mais nada)" Mais um? Último dia. Visita para ir buscar o dinheirinho. "D. Maria Teresa - Então gostaram? António - Gostámos de umas coisas, de outras nem tanto. D. Maria Teresa - Do que é que não gostaram? António - Das camas, por exemplo. Os colchões já tiveram melhores dias. Mónica - São de um desconforto brutal. António - Acordamos só com o barulho que as molas fazem. (estão a pensar num pedido de desculpa???) D. Maria Teresa - Eu sei por que isso acontece... António - Sabe?! D. Maria Teresa - Sim, as pessoas chegam aqui, mexem nas camas, é natural que não há mobiliário que aguente..." Desculpe????? Diga lá isso outra vez! Então eu chego 10cm a cama para junto da parede para o meu filho que dá cambalhotas a dormir não se atire lá para baixo e foi isso que rebentou com as molas, com o estrado e seja lá mais com o que for?! Será que a D. Maria Teresa já ouviu falar em renovação do mobiliário? Será que ela já ouviu dizer que os tarecos que põe naquelas casas, que até têm imenso potencial, estão mais velhos que o elefante do Jardim Zoológico? Será? Duvido.
Por isso, Monte dos Parvos não podia ser mais adequado. Aquele homem e aquela mulher são arrogantes, incovenientes, rudes, antipáticos e, naturalmente, muito parvos. Nós é que não somos parvos de voltarmos lá para sermos tratados com tanta falta de educação e delicadeza.

sábado, 21 de junho de 2008

Senhor arroz


Há umas semanas o António surpreendeu-me com um fantástico presente: um curso de escrita criativa. (Devia já estar a achar que eu já só falava sobre fraldas, dodots e afins...) Fiz o curso, diverti-me bastante e, acima de tudo, escrevi muito, o que me deu um gozo enorme. Numa das aulas, a professora lançou um desafio: participarmos no concurso de escrita mensal da revista Cais. O tema de Julho era "Viagem, viagens". E não é que eu ganhei??!!


Viagem de Sabores


Acabou-se! Estava farto daquela vida medíocre. Primeiro tinha sido refeição para miúdos: juntavam-lhe umas rodelas de salsichas e ovos mexidos e lá estava, triste, discreto, relegado para segundo plano.
Depois, na adolescência, passou para arroz branco. Sabia que não era um grande avanço na carreira, mas não estava à espera que o seu desempenho fosse tão apagado. Passava a vida nos pratos de pessoas doentes, quase sem sabor. Até fez parte do famoso bitoque, mas ninguém lhe deu importância. As batatas fritas é que tinham cumplicidade com o bife e até fizeram amizade com a gema de ovo. Ele era apenas o arroz branco que estava ali não se sabe bem porquê.
Mudou de vida novamente. Numa tasca do Rossio conheceu o Jaquinzinho e passaram a formar equipa nas ementas de vários restaurantes. Jaquinzinhos fritos com arroz de feijão, jaquinzinhos fritos com arroz de tomate, jaquinzinhos fritos com arroz de grelos, sempre cheio de molho, ou como os especialistas diziam, sempre malandro.
Cinco anos, três meses e quatro dias depois desta união, o Senhor Arroz sentia que estava na altura de dar novo salto, conhecer novas especialidades. Bateu à porta de um restaurante macrobiótico e apresentou os seus serviços. Só tinham trabalho em part-time e, mesmo assim, teria que partilhar o protagonismo com o arroz glutinoso. Aceitou. Entrava ao meio-dia e saía às quatro da tarde e tinha que andar sempre com uma capa castanha vestida fizesse frio ou calor. A experiência até estava a ser engraçada, mas precisava de algo realmente novo na sua carreira.
Por isso, levantou-se naquele dia quente de Julho, agarrou no dinheiro que tinha ganho nos festivais de arroz de marisco e arroz de cabidela, fez a mala, rabiscou umas palavras de despedida para o Jaquinzinho e partiu. Tinha 43 anos e ía começar uma nova aventura.
Primeiro esteve em Espanha e adorou fazer parte da Paella. Mesmo com muitos condimentos e ingredientes à mistura sentia-se importante e não meramente um figurante. Depois foi a vez de conhecer as cozinhas francesas. Não gostou muito. Sempre enformado no meio de qualquer coisa com muitas natas, voltou a sentir-se um mero arroz branco com a diferença que aparecia todo aprumadinho no meio dos pratos. Mais um bihete de avião e... Itália. Não foi fácil conseguir trabalho. Todos os cozinheiros queriam pasta fosse ela esparguete, fusili, penne ou ravioli. A pasta é que interessava. Três dias de procura depois encontrou uma vaga para risotto, mas teve que perder a sua figura esguia de arroz agulha, engordar umas gramas e ficar mais arredondado. Ficou perto de seis anos em Itália. Depois partiu para a Ásia.
Foi na China que se sentiu o protagonista da cozinha. Em 56 anos de vida nunca se tinha sentido tão importante. O arroz chao chao era o rei da culinária chinesa. Foram anos inesquecíveis, mas sentiu que havia ainda muito mundo para conhecer e voltou a partir.
No Japão viveu sete meses enrolado na alga nori, uma planta sensual com quem manteve um tórrido romance. Mas Nori era possessiva e o Senhor Arroz sentiu-se mais preso que nunca naquele papel de sushi. Na Índia, antes de começar a trabalhar, passou três meses no ginásio a perder peso e transformar-se num verdadeiro arroz basmati. Os cozinheiros eram rígidos e só entrava nas travessas junto ao caril quem estivesse realmente em forma.
Aos 67 anos já se sentia cansado, mas mesmo assim não quis deixar de conhecer África. Em Moçambique tornou-se grande amigo do côco e passou momentos bastante divertidos ao seu lado. Fascinado com o clima tropical ainda viajou até ao Brasil e voltou para a sua carreira de arroz branco, mas desta vez sempre acompanhado de feijão preto. Já reformado, morreu de indigestão nas águas quentes do México, aos 78 anos. No funeral estiveram o Jaquinzinho, o tomate, os grelos, o feijão, o marisco, a alga nori e até as salsichas quiseram prestar-lhe a última homenagem. Na sua lápide, os amigos mandaram escrever “Aqui jaz um arroz aventureiro que se transformou em cada viagem que fez”.


Brevemente numa Cais perto de si!

domingo, 15 de junho de 2008

Ovos fritos com chouriço

Tinha uns olhos azuis pequeninos escondidos atrás de uns óculos de ver de aros grossos. Andava de boina. Era magrinho e não gostava muito de comer, coisa estranha para quem vive com a minha avó - a melhor cozinheira do mundo. Era barbeiro, pintor, carpinteiro, homem de sete ofícios. Gostava do campo, de trabalhar a terra, de passear os animais. Era teimoso - "como tu", diz a minha avó. Teve um carocha verde alface com que me ia buscar à estação de comboios de Mato Miranda. Tinha um relógio de parede que tocava as doze badaladas. Enchia o meu quarto de DumDum para eu não ser engolida pelos mosquitos. Gostava de rir, de crianças, de mulheres bonitas. Gostava da minha avó. Amou-a com todo o seu coração. Não gostava muito de comer, mas adorava doces. De manhã bebia uma enorme caneca de café com leite, juntava-lhe pão e muitas colheres de açúcar. Levava-lhe Guylians, os seus chocolates preferidos que escondia na gaveta da mesinha de cabeceira. Tocava acórdeão. Fazia um assobio engraçado com as mãos que deixava o Tiago a rir às gargalhadas. Ficava admirado com os telemóveis e como a minha avó manuseava-os tão bem. Não gostava de água e jurava que nunca tinha bebido um copo desse líquido. Era dele a expressão "ovos fritos com chouriço." Era o Lelinho, o sr. Carvalho, o avô Carvalho ou o avô Cardoso. Despedia-se de mim sempre com um abraço e um até breve. Agora ficam estas recordações. Boas. As melhores.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O fato de treino


Há peças de roupa que, de tão pirosas, deviam ser banidas de todas as lojas. O fato de treino é uma delas. Que o meu filho de 3 anos use um para a sua aula de expressão motora é compreensível, embora não menos feio, agora que o sr. Scolari vá para os jogos de fato treino... Por amor da santa! Vai de fato treino porquê? Há alguma possibilidade de ter que calçar as chuteiras e entrar no terreno do jogo? Não há! Fica-lhe bem? Não fica. É de treinador? Não é! Mais triste é quando o jogo termina e o sr. Scolari vai cumprimentar o treinador adversário e lá está ele todo arranjadinho bem penteado e... de fato! Não de fato de treino, mas de fato de casaco e calça e com gravata a condizer... Vergonhoso, no mínimo. É como ir a um jantar de amigos, estarem todos aperaltados e nós aparecermos de jeans e ténis. Não fica bem. Mas, neste caso, aparecer de fato de treino não fica bem em nenhuma altura do dia, nem fica bem a ninguém.
Fora os fatos de treino! Fora as famílias inteiras de fato treino vestido a passear pelo Continente! Fora os fatos de treino sintéticos que fazem barulho a andar! Fora os bimbos que não só usam fato treino como teimam em conjugá-lo com meias brancas, sapatos e telemóveis à cintura! Fora os que usam fato de treino e deixam o casaco aberto para se ver o peito cheio de pêlos e o crucifixo de ouro!
Greve aos fatos de treino!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Saudades

Quando eu era pequena, na minha família todos me conheciam como aquela que demorava horas a comer. Às vezes já estava a minha avó Adozinda a pôr o Mokambo e o Suchard Express na mesa e ainda andava eu às voltas com um arroz mais que ressequido ou um bife já sem sabor de tão frio que estava.
Quando a Michelle era pequena, na minha família todos a conheciam como desastrada e tão despistada que até nos próprios pés tropeçava!
Agora, quando alguém come muito devagar diz-se logo que "sai à Moninha" ou quando alguém leva tudo atrás por anda passa é logo apelidada de sucessora da Michelle.
Há pouco recebi um mail da minha prima Michelle apelidado "dois exemplos de furacão Katrina". Eram duas fotos deliciosas da minha "sobrinha" mais nova a fazer disparates dos grandes, ou melhor, a mostrar que é mesmo filha da Michelle!
Infelizmente é só através de troca de mails que vamos vendo os nossos sobrinhos e primos crescer e isto faz-me pensar na falta que os nossos avós fazem. Se eles
fossem vivos tenho a certeza que a família se reunia mais vezes, se eles fossem vivos tenho a certeza que não ficava embasbacada com a altura da Babá cada vez que a vejo, se eles fossem vivos já teria eu própria presenciado um exemplo do furacão Catarina, saberia mais da vida dos meus primos, dos meus tios, de quem vive cá e de quem vive longe. Se eles fossem vivos, se calhar eu estava agora sentada na cozinha da casa da minha avó a comer um arroz de bacalhau que eu nunca consegui fazer igual ou uma carne picada com batatas fritas que, de tão simples, é tão difícil de fazer. Tudo isto ao som da Rádio Renascença, não fosse o jogo da mala calhar lá em casa. O meu avô estaria no quarto, amuado com as últimas notícias sobre o Pinto da Costa ou a tratar das unhas, pormenor que nunca descurou.
Não há dia que passe em que não pense nos meus avós, no vazio que deixaram na nossa família. Por isso, acho tão normal quando a Michelle me fala em fricassé de frango ou soufflé de atum ou farófias e se lembra da avó... É que eles marcaram as nossas vidas de tal forma que nunca deixaremos de nos lembrar deles, do que vivemos junto deles, do que nos ensinaram e do que nos ofereceram... Sinto a vossa falta Dona Adozinda e Senhor Abílio!

Dores de crescimento




Sempre ouvi dizer que crescer dói. Doem os ossos que se estão a formar, dói a mente que está em aprendizagem, mas não me lembro de ouvir alguém dizer que dói o coração dos pais que vêem os filhos crescer.


O Tiago faz 3 anos daqui a menos de um mês. Não usa fraldas há já algum tempo e isso até é bastante bom e, acima de tudo, bastante higiénico, mas eu não estava preparada para ver o meu filho a agarrar na sua pilinha mínima e fazer xixi de pé. Foi um choque de que ainda não me refiz. E todos os dias de manhã quando ele grita "mamã, quero ir fazer xixi" eu não sei se ria ou chore ao vê-lo naquela pose de homem em frente à sanita. Também há já algum tempo que não usa chucha e vê-lo na cama com a fraldinha enrolada na mão de boca vazia foi uma dor inexplicável. Chorei, chorei mesmo na primeira noite em que as "més" (a primeira palavra que ele arranjou para a chucha!) ficaram todas escondidas na gaveta. E, estranhamente, ele nunca mais falou nelas. E naquele dia o Tiago começou a ser um homenzinho.


E este pequenino homem, que ainda me pede "tolo" (colo) tantas vezes, surpreende-me todos os dias com conversas cheias de palavras novas que eu não sei onde ele foi aprendê-las. Hoje de manhã, enquanto ele esperava que eu acordasse a sério, sentou-se na minha cama com as pernas à chinês e disse: "mamã, vamos conversar!". Vamos conversar?! Deve ser sério... E continuou. "Sabes que eu ontem caí? Rebolei (rebolei??? já sabe o que é rebolar?), mas a isabelinha segurou-me!" E eu ali, ainda meio ensonada, não sabia se ria às gargalhadas, se agradecia à isabelinha por não deixar o meu pequenino homem cair ou se me agarrava a ele cheia de dores de crescimento por ver o meu amorzinho tornar-se um verdadeiro homem...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

27 de maio

Faltam 5 dias para os 7 anos. Os nossos. 5 dias para festejarmos aquele beijo que te roubei na escuridão daquela praia. Depois disso uma vida nova. Depois disso muitas histórias para contar. O primeiro fim-de-semana romântico em vila nova de milfontes (será que saimos do quarto?!); a intimidade no "vambora" no coliseu; a nossa casa e a angústia das obras, do bcp e daquele gerente que eu detesto; uma zanga, séria, feia, triste. Seria o fim? Não foi. Um vestido preto, uma conversa com uma fotografia e novos capítulos. As férias campistas que duraram apenas uma noite (já não tinhamos idade para aquilo...); o arroz de salsichas na varanda de um quarto loucamente modesto em aljezur; as loucuras que fizemos por amor ao futebol, tu principalmente, benfiquista, até festejaste comigo em plena avenida da república quando o porto de mourinho deu 3 a 0 ao mónaco; o camarão na moranga na passarela do álcool, o buggy azul, o candeeiro de 1,80m dentro de um avião; um vestido branco e uma gravata laranja num pôr de sol que estava ali só para nós; a vontade louca de ver a família crescer. E cresceu! Sou eu mesmo a mãe dos teus filhos! A mãe do teu/meu tiago, da tua/minha madalena. Faltam 5 dias para os 7 anos. Os nossos. E desde aí - do 27 de maio de 2001 - mais um sem número de aventuras. As viagens com o tiago (verdadeiros pais-galinha somos nós!), a aventura de sermos pais. Não foi fácil. Ninguém algum dia nos explicou que não era nada fácil. Um coração partido aos bocadinhos e, sim, eu pensei que era ali naquela avenida barulhenta que tu já não eras capaz de consertar a minha dor e que eu já não era capaz de ser a tua melhor amiga novamente. Ufff! Não foi mesmo fácil. Mas que teimosos que nós somos! E continuámos a escrever a nossa história. Com cumplicidade. Amor. Loucura. Taradice. Amizade.
Faltam 5 dias para os 7 anos. Os nossos. Os da nossa história de amor. Eu amo-te, António Pedro Santos.

Lugares comuns


Não acredito que haja uma pessoa no mundo que nunca tenha dito ou escrito frases que no fundo não dizem nada. São aqueles lugares comuns que enchem postais de amor, fitas de finalistas, mails entre amigos, etc, etc. São tao ridículos, tão vazios, mas tão divertidos também que merecem aqui um lugar de destaque:


1 - Dava a minha vida por ti

2 - Por ti despia a minha camisola de lã para te aquecer num dia de Inverno

3 - Nunca amei ninguém como te amo a ti

4 - Achei que nunca mais ia amar alguém até te ter conhecido

5 - O problema não é teu, é meu. Eu é que estou a passar uma fase má.


Adoro o n.º3. Adoro porque imensos famosos gostam de dizer isso nas revistas cor-de-rosa. A não sei quantas foi casada dezenas de anos com o não sei quantos, tiveram muitos filhos e foram muito felizes, mas não para sempre. Meia dúzia de meses depois do casamento chegar ao fim, a não sei quantas já está perdida de amor por um novo não sei quantos e não se inibe de dizer aos jornalistas que nunca amou ninguém como está a amar o não sei quantos de agora. E eu só penso: "o não sei quantos anterior, que viveu 17 anos com ela, que teve filhos dela, que riu e chorou nos braços dela deve estar a delirar com aquela capa de revista..." A frase já é má porque é um lugar comum, mas dita assim em público ganha contornos de malvadez...

Desarrumação

Há uns dias, uma das minhas tias preferidas veio lanchar cá a casa. Tenho um carinho por ela enorme e um respeito do tamanho do mundo. Gosto dela porque se ri como ninguém. Tem uma gargalhada sincera e mesmo quando a vida não lhe corre da melhor forma, ela ri-se, ri-se, ri-se. Antes de ir buscá-la ao comboio estava meio preocupada com o estado de desarrumação em que a minha casa estava. Brinquedos por todo o lado, fraldas, dodots, livros do ruca, frascos de aero-om, confusão por todo o lado. Fiquei um pouco tensa quando ela entrou cá em casa. Achar-me-ia uma tresloucada que nem uma casa sabe manter em ordem? Com o passar do tempo, e da conversa, fui relaxando... Relaxei, relaxei até ao momento do entusiasmo total: no meio de uma conversa sobre casas e sobre pessoas que enchem as casas de reliquias, diz a minha tia - "casas desarrumadas são sinónimo de amor.". E eu pensei: "sim! a minha casa desarrumada é sinónimo de que eu, o antónio, o tiago, a madalena e o guedes vivemos cá, passamos tempo cá, choramos aqui, brincamos aqui, amamo-nos aqui." Obrigada, tia, por uma lição (desarrumada) de vida!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

As palavras que nunca te direi (não, não é um post romântico by nicholas sparks)

1- telélé: não há coisa mais parola do que esta. telélé é o quê? é infantilizar o telefone? é querer ter piada? é o quê?
2 - de bem com a vida: isto deixa-me com os cabelos todos em pé. é do mais parolo, saloio, sei lá mais o quê que alguém pode dizer. infelizmente vê-se muito em vários jornais e revistas. por mim não passa!
3 - pegar ao trabalho: pensando bem, até gosto desta expressão de tão bimba que ela é!
4 - tenho a haver: oh meu deus...
5 - blusa: se o antónio estivesse a ler isto "em directo" dizia já que lá estava eu com o meu snobismo, mas blusa não existe. a palavra é do mais piroso que há e, afinal, o que é uma blusa? é uma camisa? é uma t-shirt? é um polo? uma camisola? o que é?
6 - bejeca: se calhar é por eu não beber álcool, mas não consigo retirar o mínimo de beleza a esta palavra...
7 - peúgas: brancas, pretas, amarelas ou às bolinhas, peúgas não, por favor!
8 - burriés: ouvi no outro dia umas tias a dizer esta palavra no meio de uma loja de crianças. quem me conhece sabe que devo ter ficado de olhos postos nas dondocas tal era o meu espanto/ nojo.
9 - à rasca: trabalho num jornal popular, feito para pessoas populares, mas nem queria acreditar no dia em que recebi um texto de uma jornalista e vinha lá esta expressão. muito mau. popular não é sinónimo de baixo nível.
10 - ir ao banho: praia. sol. bronzeador. e vou ao banho. vou ao banho???? vou tomar banho, vou dar um mergulho, ...
11 - ir à bola: expressão saloia para quem vai assistir a um jogo de futebol
12 - tacho: o mais provável é que haja mesmo uma diferença entre tachos e panelas, mas tacho só me faz lembrar as músicas do quim barreiros.
13 - o comer: alguém consegue peceber como é que alguém transformou um verbo num substantivo? "ó jaquim, o comer tá na mesa!". bolas, até perco a fome...

domingo, 18 de maio de 2008

De zero a dez...


Dizem que com o passar dos anos de vida em comum o casal vai ganhando parecenças físicas um do outro. Assim de repente não acho que esteja a ficar com os olhos mais achinesados, com o cabelo mais liso ou até com barba (embora já esteja a precisar de fazer uma visita à Fany), mas acredito que ao fim de 7 anos o meu vocabulário mudou um pouco.

1 - Termino "n" vezes as frases com um vigoroso PRONTO!

2 - Se há algum problema, já não digo chiça, nem porra, mas sim BOLAS, com um ar meio trocista da situação ou da pessoa

3 - Digo muitas vezes a expressão "NÃO PRESTA?!", num tom divertido

4 - (esta é a minha preferida) para quantificar o sentimento ou outra coisa qualquer quantificável pergunto "DE ZERO A DEZ QUANTO É QUE...?" Acho que esta também é a expressão preferida do antónio. De zero a dez quanta fome tens, de zero a dez quanta vontade tens de ir dormir, de zero a dez isto, de zero a dez aquilo! Adoro isto!


De zero a dez gosto dez de ti!

O que é o jantar?




Não sei se foi por a discussão ter sido depois do jantar, mas ao antónio só saiam nomes gastronómicos: chá com scones, chá com bolachas,... Ovos fritos com chouriço, disse eu. Risota entre os dois. Tinha mesmo que ser este o nome do meu blog. A razão é simples.

Todos os dias a mesma pergunta: "O que é o jantar?". Todos os dias há duas respostas possíveis: "Tu é que és a esquisita, por isso escolhe tu" ou "Ovos fritos com chouriço"! Nunca na nossa vida comemos tal repasto e nem sei dizer se os tais ovos fritos são ovos estrelados, mexidos ou até uma omeleta, mas a expressão apanhei-a com o meu avô carvalho (cardoso, para o antónio) e passou a fazer parte das nossas discussões alimentares.

A pergunta "o que é o jantar?" é feita lá pelas 19h e o jantar acontece entre as 22 - quando os nossos lindos filhos nos presenteiam com uma noite de sossego - e as 24h - quando a pequena madalena dá o ar da sua graça. Às vezes são onze da noite e estamos sentados nas nossas cadeiras laranja à frente de uma mesa cheia de requinte: uma toalha bonita, o antónio com o seu chiquérrimo copo de vinho, comidinha da boa e a oprah ou a tyra na televisão. Engraçado é que mesmo quando ainda não éramos pais, os jantares também não eram a horas muito decentes... Afinal o estômago não sabe que horas são. Nem o que são ovos fritos com chouriço...