quarta-feira, 29 de julho de 2009

Subway Fashion

Percurso Cais do Sodré - Chiado, 9h10

Ela usa um vestido jeans claro com um folhinho um pouco abaixo dos joelhos. Tem quase um ar cândido, não fosse o decote ousado que deixa ver um soutien reles, preto, já muito usado, mas pouco lavado. O cabelo que é castanho, mas que ela gostava que fosse loiro, não tem uma cor definida. Ou melhor, tem. A raiz, que chega quase até ao queixo e transborda óleo, é castanha. O resto do cabelo é amarelo. Não loiro. Amarelo. Mesmo. Os pés têm as unhas cortadas e mal pintadas de um branco metalizado. Usa umas havaianas que também foram brancas há muito, muito tempo. No braço direito, mesmo junto ao ombro a tatuagem. Podia ser uma rosa vermelha rodeada por uma serpente ou um golfinho a saltar para a água. Podia ser todas estas vulgaridades, mas era muito mais do que isso. Era o Daniel. A cara do rapaz que estava sentado ao lado dela no banco do metro estava simplesmente fotocopiada no braço direito daquela rapariga de ar quase cândido.
Isto foi em fins de Julho. Mas não me saiu da cabeça o ar de desdém, de desamor com que o Daniel olhava de soslaio para aquela miúda. Nunca mais os vi no metro. Será que o namoro continua? E a tatuagem do Daniel ainda estará naquele braço suado, encardido?

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