terça-feira, 16 de março de 2010

Conversas telefónicas

Ele perguntou-me se eu tenho medo de morrer. Eu disse que sim. Não menti. Tenho mesmo muito medo de morrer. Acho que todos temos. Todos temos medo de não estar cá amanhã para fazer o que tinhamos marcado na agenda. Eu não vivo a pensar nisso, mas ele hoje pôs-me a pensar nisso. E enquanto falei com ele tenho que confessar que fiquei com uma lágrima no olho a pensar que, inevitavelmente, vou morrer um dia. E que esse dia tanto pode ser daqui a 50 anos como hoje, amanhã, depois de amanhã. Ele, que tem um cancro, diz que não tem medo da morte. Tem mais medo de viver mal a vida. E também de lágrima no olho eu pensei como, às vezes, vivo mal a vida.

Que raio... Se ouvirem falar de uma jornalistazeca que se emocionou a falar com o António Feio, assumo: fui eu. Eu gosto dele. Simpatizo com ele. E estou realmente triste por ele estar doente. Mas hoje estou passada por ele me ter posto neste estado parvo de nostalgia.

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